PLANO DE CIDADE POSICIONAMENTOS PÚBLICOS

Rui Flávio Chúfalo Guião: ‘um diagnóstico preocupante’

15/10/2019

Artigo escrito por Rui Flávio Chúfalo Guião

Meu querido amigo Maurílio Biagi Filho teve a gentileza de me enviar relatório produzido pelo Instituto Ribeirão 2030 que analisa a situação de nossa cidade, face à Agenda 2030, programa estabeleci­do pela ONU como esforço global para promover a diminuição da desigualdade e propiciar a inclusão dos mais vulneráveis às benesses do mundo desenvolvido.

Foram elencados pela comunidade inter­nacional 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que servi­ram de base para a pesquisa. São itens da maior importância e para exemplificar, elencamos 4 destes 17 objetivos: acabar com a pobreza; garantir alimentação para todos; proporcionar saúde universal e prover educação de qualidade .

O Instituto Ribeirão 2030, fundado em abril do ano passado, é uma sociedade civil organizada e voluntária, com o objetivo de pensar, agir e transformar Ribeirão Preto numa cidade melhor. Sua administração é integrada por cidadãos locais que entenderam ser sua responsabilidade agir para a melhora da cidade.

O diagnóstico feito é preocupante para as pessoas que se inte­ressam pela comunidade onde vivemos. Só a leitura cuidadosa do texto de 85 páginas, fartamente ilustrado com gráficos e fotos, dará ao leitor a devida dimensão de como estamos. No momento, o Ins­tituto Ribeirão 2030 se ocupa em analisar as informações e elaborar os planos para propor as mudanças requeridas, com o objetivo de serem implementadas até o ano 2030.

É um trabalho de fôlego, que envolve várias pessoas, entidades públicas e privadas, elaborado em meio às dificuldades de um país em desenvolvimento. Mas, a situação atual me parece muito rele­vante para motivar a todos nós a nos engajarmos no programa.

Vejamos, como exemplo, a situação de pobreza de nossa cidade: constatou-se que 3 em cada 100 moradores vivem em situação de extrema pobreza, ou seja, mais de 21 mil pessoas desta cidade rica, desenvolvida e universitária vivem com menos de R$ 3,00 por dia. A situação é tão grave que 40% dos que teriam direito ao Bolsa Fa­mília não estão cadastrados para receber o benefício. A proliferação de favelas (mais de 100 núcleos atualmente) demonstra esta reali­dade. Vivendo na marginalidade, sem oportunidades, esta parcela expressiva de nossa população engrossa os números do abandono.

No campo da saúde, nossa cidade é importante centro médico, tem quatro faculdades de medicina, deveríamos ter um atendimen­to exemplar. É bem verdade que ostentamos números muito bons em relação ao resto do país, porém dois indicadores nos mostram que há ainda muito a fazer: o programa médico da família atende só 22% da população e há filas de espera de mais de dois anos para alguns exames e consultas.

Outro indicador de tirar o sono mostra que somente 19% dos alunos da rede pública (municipal e estadual) concluíram o Ensi­no Fundamental com aprendizado adequado de Matemática. Em Português, foram 58%.

O trabalho analisa o esforço do Poder Público Municipal em atacar os problemas apontados pelo relatório, porém sua contumaz falta de recursos impede uma ação mais eficiente. Nos próximos anos, o poder público terá pouquíssima margem de investimento social devido a gravíssima corrupção ,agora escancarada, à lentíssi­ma recuperação da economia e pelo fato de a quase totalidade das despesas já estarem contingenciadas por lei.

Se a sociedade não se organizar e assumir a responsabilidade de buscar soluções para seus problemas, dificilmente conseguiremos uma cidade melhor e mais justa. Está na hora de abandonar nossa inatividade e abraçar trabalhos tão importantes como estes do Insti­tuto Ribeirão 2030.

 

Para ler a versão digital do diagnóstico realizado pelo Ribeirão 2030, clique aqui.

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