PLANO DE CIDADE POSICIONAMENTOS PÚBLICOS

O QUE A GENTE SABE E O QUE PRECISAMOS SABER

30/01/2019

MAURÍLIO BIAGI FILHO

Inevitável ler o artigo do colunista J.R.Guzzo, da Veja e não refletir sobre uma frase do filósofo Edgard Morin. O francês escreveu que não só a nossa ignorância nos cega, mas também o nosso conhecimento. No texto publicado na última semana, Guzzo cria uma linha divisória estabelecendo de cada lado, as coisas que a gente sabe sobre o Brasil, e as coisas que a gente acha que sabe, que acabam se confundindo muito com as coisas que a gente definitivamente não sabe.  Ele centraliza sua reflexão fazendo ponderações sobre a agricultura e a política ambiental. Faz comparações entre o Brasil e outros países do mundo e ao final deixa muitas dúvidas sobre o que de fato sabemos sobre esse tema.

Como um homem dedicado ao agronegócio a maior parte da minha vida, fui tocado pelo artigo, em especial por concordar com o seu autor, que o brasileiro sabe muito pouco sobre a potencialidade agrícola do seu país. Poderia seguir refletindo a partir deste foco, mas a leitura me levou a outras considerações, em especial pensando em Ribeirão Preto e todo esse movimento que o “2030” está fazendo. O quanto tem se mostrado importante o trabalho de esclarecimento sobre o conhecimento que temos e, com destaque, para o conhecimento que não temos das coisas que são públicas.

Este, na verdade, é o fato. Quando não sabemos, seguimos em frente em busca de dados que nos orientem. Quando são passadas informações equivocadas, erradas, esse conhecimento cega, deixando-nos desorientados. Guzzo começa seu artigo afirmando que nada é mais cômodo do que viver convencido de que certas coisas não podem ser discutidas, pois são a verdade em estado definitivo. Ainda que ele estivesse tratando da agricultura brasileira e a relação estabelecida com o meio ambiente, trazendo a assertiva para nossa localidade, é possível reporta-la para outras questões como o debate sobre o IPM, a reforma administrativa, a revisão das companhias: Coderp, Cohab e Transerp, para citar somente alguns exemplos.

A verdade em estado definitivo é inflexível e se consolidada sob conhecimentos rasteiros, dúbios, é também nociva e retrógada. O que o Ribeirão 2030 tem pregado desde a sua criação, é o debate aberto sobre todas as coisas que interessam à cidade, e a flexibilidade de promover mudanças estruturais que possam melhorar aquilo que precisa ser melhorado.

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