Ex-secretário da Educação de Pernambuco, catedrático da cátedra Sérgio Ferreira do IEA-USP
A descontinuidade das políticas educacionais é prejudicial para Ribeirão Preto. Por que o Ceará anda tão bem? Porque lá existe uma política de dez, quinze anos, que se consolidou no regime de colaboração entre estado e municípios. Sobre os resultados aferidos no Ideb 2019, é necessário separar os Anos Iniciais dos Finais em Ribeirão Preto. Nos Iniciais, temos três escolas que vão muito bem no município. Essas unidades precisam ajudar aquelas com desempenho inferior, como o Ceará faz. Já nos Anos Finais, a nota piora de forma generalizada principalmente pela proficiência em matemática, que é um desastre, com resultados pífios. Portanto, deveríamos ter um trabalho sólido e consistente na formação dos professores, com participação direta das universidades, que dialogue com as necessidades reais da escola. É fundamental ter regime de colaboração entre estado e município, para se ajudarem, criarem políticas integradas. Pois o adolescente da rede pública, independentemente de onde estudou no Ensino Fundamental, irá para a rede estadual no Ensino Médio. Pela cátedra do IEA-USP estamos tentando ajudar nessa direção, com a articulação. Outro ponto é a mobilização da sociedade, incentivar a articulação das escolas com as famílias. Passadas as eleições municipais, quem quer que seja o prefeito, terá que trabalhar com Plano Municipal de Educação. Há um dever de casa muito grande a ser feito, e nos próximos quatro anos a educação precisará de um olhar especial, pela parte de todos, para a melhoria da proficiência em português e matemática. Não esquecendo que a pandemia será um adversário adicional em todo esse processo.