Objetivo 12
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
Reportagem: Cristiano Pavini e Adriana Silva (publicada em junho/2019)
Os indicadores históricos de coleta seletiva e recuperação de materiais reciclados em Ribeirão Preto estão distantes do ideal, com taxas bem inferiores às de cidades de porte semelhante no Estado de São Paulo.
Segundo dados mais recentes cadastrados no Ministério das Cidades, em 2017 apenas 0,23% de todo o lixo doméstico, comercial ou em feiras livres produzido no município foi efetivamente reciclado por ação do poder público (por meio da empresa que realiza coleta ou convênios com cooperativas).
Para efeito de comparação, em Sorocaba, cidade com a mesma população de Ribeirão, a taxa foi de 1,81% naquele ano – sete vezes maior.
Em 2017, Ribeirão Preto produziu 214.383 toneladas de lixo (sem considerar os resíduos de serviços da saúde e da construção civil). Entretanto, apenas 485 toneladas foram recuperadas, principalmente papel e papelão. Sorocaba, por sua vez, recuperou 3.770 toneladas.
Naquele ano, foram recuperadas 700 gramas de materiais reciclados para cada ribeirão-pretano, proporção que chegou a 5,7 kg em Sorocaba.
O décimo segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propõe assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis e prevê, até 2030, “reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso”.
Em Ribeirão Preto, a coleta seletiva é pedra no sapato da prefeitura. Em 2017, inclusive, o município teve o menor quantitativo de material reciclável recuperado desde 2013:
Entre 2013 e 2016, a coleta seletiva atendia a 65 mil pessoas no serviço casa a casa, equivalente a menos de 10% da população. Em 2017, a prefeitura cadastrou no Ministério das Cidades que apenas 6,8 mil pessoas foram alcançadas.
Procurada pelo Ribeirão 2030 se de fato ocorreu uma redução no quantitativo ou se houve um erro ao cadastrar os dados junto ao Ministério das Cidades, a Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura não respondeu.
Em 2019 teve início em Ribeirão Preto um novo contrato para a coleta seletiva. O anterior, em 2018, previa 39 bairros atendidos pelo serviço de casa a casa. Agora, são 139.
Com isso, o governo espera recolher 150 toneladas mensais de materiais com possibilidade de serem reciclados. Em 2017, a média mensal de recolhimento foi de apenas 48 toneladas.
Gestora ambiental e coordenadora do projeto Cata Sonho na prefeitura de Ribeirão Preto, Kelly Cristina da Silva diz que a conscientização da população ainda é baixa em relação à separação de recicláveis.
Os números de material reciclável recuperado cadastrados no Ministério da Cidades não incluem os da coleta informal, ou seja: de catadores não conveniados com o poder público, geralmente em situação de extrema vulnerabilidade social.
“Nos últimos anos houve um aumento no número de catadores informais nas ruas. Eles acabam se concentrando nos bairros em que é realizada a coleta seletiva da prefeitura, se antecipando inclusive ao caminhão da coleta. Com isso, o número oficial de material reciclado recuperado acaba diminuindo”, explica Kelly.
O projeto CataSonho, coordenado por ela, propõe justamente aproximar o poder público desses coletores, fazendo com que eles atuem formalmente, com estrutura e capacitação.
“Hoje temos 23 catadores cadastrados, que passaram por cursos e receberão material de segurança, como luva, camisas de manga longa, botas, protetor solar e, até, meios de locomoção”, diz Kelly. Serão entregues desde triciclos a veículos elétricos.
Segundo ela, o projeto vai transformar os catadores em “agentes ambientes”, para que eles também conscientizem a população sobre a importância da reciclagem.
“Faremos a inclusão social dessas pessoas, potencializando suas capacidades e incentivando a mudarem de vida, inclusive para que tenham uma casa e deixem de viver na rua”, diz Kelly.
O CataSonho foi apresentado pela primeira vez em 2017 pela prefeitura, mas até junho de 2019 ainda não havia deslanchado. Kelly diz que o atraso ocorreu por burocracias do poder público, mas que o programa deve ganhar força no segundo semestre de 2019.
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